quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Konya, o berço do sufismo

Depois de termos andando de camioneta durante horas e percorrido mais de 400 Km (desde Pamukkale e com apenas duas paragens pelo meio, uma delas para almoço) chegamos  à cidade de Konya, uma das cidades mais conservadoras do país (notou-se pela quantidade de lenços, em número superior aos dos outros locais, usados pelas mulheres). E apesar da viagem ter sido literalmente uma "seca" com tantos terrenos áridos e vazios, o supreendente (e mais bonito) foi mesmo o número de mesquitas vistas, pelo caminho.




Konya é uma das cidades mais importantes de peregrinação, na região da Anatólia Central, onde está o santuário ou Museu Mevlana (também é conhecido por Mausoléu Verde ou Dome Green, devido à cor da cúpula cilíndrica bem visível, o cartão postal da cidade) que contém o sarcófago de Mevlana (também designado por Rumi), o sufi fundador dos Dervixes. O sufismo é uma corrente mística e comtemplativa do Islão, que professa a religião Muçulmana, mas os seus ideais pelo amor ao próximo, o direito à liberdade religiosa, a liberdade da mulher e a união a Deus através da dança, da tolerância, da compreensão e da misericórdia são bem diferentes dos Muçulmanos Ortodoxos.




                                                                     Museu Mevlana



O santuário é sagrado e atrai milhão e meio de peregrinos por ano. Na entrada deste, existe um local designado por fonte das abluções que permite a lavagem da cara, pés, antebraços e mãos, pelos fiéis, antes de entrarem neste espaço sagrado, assim como é proibido o uso de sapatos, por todos (como em todas as outras mesquitas).



Parte superior da fonte das abluções



No Museu Mevlana (aberto em 1927) estão os túmulos das figuras mais importantes dos Dervixes, assim como alguns dos instrumentos musicais e roupas pertencentes a Mevlana. Junto ao museu, está um cemitério e vimos ainda as típicas casas do período otomano.


Cemitério

Casa Otomana


No caminho para a Capadócia, passamos por uma antiga rota da seda, um caminho utilizado por caravanas de camelos que transportavam mercadorias da Ásia para a Europa, visto este país ter uma situação geográfica privilegiada (o de se situar entre dois continentes), uma das razões para a existência dos caranvasais, locais utilizados para o descanso de homens/animais e de defesa contra assaltos.

Visitamos o caranvasai "Sultanhami" um dos maiores e mais conhecidos da região com 8 séculos de existência, restaurado por várias vezes e com muitos objectos bem antigos. A parte frontal é feita em mármore.





Pormenor do karanvasai


Vimos, ainda, um extinto vulcão: o Argeu que domina a paisagem com 3917 m de altura!





Já era bem de noite quando chegamos ao hotel na Capadócia, num cenário único e bem surreal. Depois do jantar, fomos ver o espectáculo dos Dervixes, neste local:




Estes realizam rituais de dança e possuem roupas cheias de simbolismo. Por exemplo, o chapéu cónico representa a pedra tumular e o manto negro a própria tumba. Depois de retirarem a capa, eles procuram aliar-se a Deus e  juntar-se ao Universo, num estado profundo de transe, ao rodopiarem em torno do seu próprio eixo, durante vários minutos (são algumas sequências de 10 minutos cada). A mão direita aponta para cima para receber a vontade de Deus e a mão esquerda aponta para baixo, para a distribuir na terra, uma experiência deveras espiritual e muito envolvente.

Aí está uma imagem oferecida pela nossa guia, já que não era permitido tirar quaisquer fotos, durante o "espectáculo".





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